A humanidade vive um dos piores capítulos da sua história. Passados mais de 12 meses na vigência de uma terrível pandemia de Corona vírus (COVID-19), as equipes da área de saúde têm trabalhado no limite da exaustão física e mental. Ainda assim famílias estão sendo dizimadas por esse inimigo invisível. Neste cenário desolador, os nefrologistas desempenham um papel de destaque.
O COVID-19 tem um tropismo pelos pulmões, gerando um processo inflamatório brutal; e compromete a circulação sanguínea, propiciando um estado de hipercoagulabilidade.
O rim é o segundo órgão mais acometido. Dentre os pacientes que adentram às unidades de terapia intensiva (UTI) por COVID-19, cerca de 50% desenvolve lesão renal aguda (LRA) e 20% necessita de hemodiálise (HD).
Nesse contexto, a necessidade de HD tem se mostrado um importante determinante de mau prognóstico. Na maior parte das casuísticas, cerca de 80% dos pacientes que desenvolve LRA com necessidade terapia renal substitutiva (TRS) morre. Trata-se de enfermos críticos, habitualmente com importante instabilidade hemodinâmica, o que exige a utilização de modalidades dialíticas menos usuais para muitos serviços, como a HD estendida ou, idealmente, as modalidades contínuas (hemodiafiltração ou hemodiálise contínua).
Dentre os pacientes que sobrevivem, a imensa maioria recupera completamente ou parcialmente a função renal. No entanto, há aqueles que evoluem para necessidade de TRS cronicamente. Por se tratar de uma doença muito recente, ainda precisamos de mais tempo para termos dados mais precisos do segmento a longo prazo desses casos.
A principal alteração renal encontrada nos pacientes com COVID-19 é a necrose tubular aguda (NTA) por ação viral direta; por sepse bacteriana secundária; e/ou por nefrotoxicidade medicamentosa.
Defeitos tubulares proximais e glomerulopatias, sobretudo glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) colapsante também tem sido descritos.
Com a chegada da vacinação surge uma esperança por dias melhores. No entanto, enquanto a maior parte da população não é vacinada, precisamos manter os cuidados básicos como uso de máscara, higienização regular de mãos e distanciamento social.